Para muitos brasileiros altamente qualificados, o visto EB-2 NIW representa uma chance de ouro de alcançar a tão sonhada residência permanente nos Estados Unidos. A promessa de obtenção do green card sem a necessidade de uma oferta de trabalho parece ser um caminho perfeito para profissionais que se destacam em áreas de interesse nacional. No entanto, essa jornada nem sempre é tão simples quanto parece, com um número crescente de casos de negativas inesperadas e processos que levantam mais perguntas do que respostas.
O maior desafio para quem busca o EB-2 NIW está no próprio processo de análise. Ao contrário do que muitos imaginam, o pedido não é analisado por juízes, mas por oficiais do USCIS (Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA), que não são necessariamente especialistas jurídicos. Esses oficiais têm autoridade para negar uma petição com base em critérios subjetivos e, frequentemente, sem necessidade de uma justificativa técnica que explique a decisão. Como resultado, muitos candidatos, mesmo com dossiês robustos e completos, acabam recebendo respostas negativas sem uma explicação clara.
J.L., um advogado brasileiro que se viu diante dessa realidade, conta sua experiência frustrante: “Eu segui todos os passos e preenchi todos os requisitos, mas ainda assim fui negado duas vezes. Na segunda negativa, o USCIS nem mesmo se deu ao trabalho de verificar meu caso corretamente. No parecer, houve erros absurdos, como me chamarem de mulher, além de argumentos que não tinham relação nenhuma com minha solicitação.” J.L. se deparou com um processo que, ao invés de ser objetivo e técnico, foi marcado pela falta de precisão e pelo desprezo pelos detalhes do seu caso.
Além da imprevisibilidade do processo, há outro fator que contribui para a frustração dos candidatos: a postura de alguns advogados de imigração. Muitos advogados garantem a aprovação com base no preenchimento dos requisitos, criando uma sensação de confiança no cliente. No entanto, raramente explicam as incertezas que envolvem o processo, como o fato de que a decisão final é tomada por oficiais do USCIS, com total liberdade de decisão. “Fui convencido de que meu caso estava forte e que a aprovação era quase certa. Mas ninguém me alertou sobre as possibilidades de recusa sem uma justificativa sólida. Isso me deixou totalmente despreparado”, revela J.L.
Outro aspecto que não pode ser ignorado é o alto custo envolvido no processo. Entre taxas de petição, honorários advocatícios e outros custos relacionados, muitos brasileiros acabam investindo quantias consideráveis, que podem chegar a US$ 40 mil. Esse grande investimento, aliado à falta de garantias e à imprevisibilidade do processo, torna a experiência ainda mais angustiante quando o visto é negado.
“O maior aprendizado dessa experiência foi entender que o USCIS tem um poder discricionário muito grande. Mesmo com toda a documentação correta, a aprovação ou negação pode depender de fatores que não estão ao seu alcance”, afirma J.L. Para ele, é essencial que os brasileiros que consideram esse caminho estejam cientes da complexidade do processo e dos riscos envolvidos.
O que muitos brasileiros não sabem é que o visto EB-2 NIW, apesar de ser uma oportunidade legal, está longe de ser uma garantia de sucesso. O processo pode ser longo, imprevisível e custoso, e muitas vezes é marcado por decisões que não têm explicação objetiva. Por isso, é fundamental que os candidatos, ao procurarem ajuda jurídica, busquem uma compreensão mais profunda do processo e se preparem para as dificuldades que podem surgir ao longo do caminho.
Autor: Smirnova Fedora
