Para o CEO Lucio Winck, a ascensão dos serviços de streaming, com destaque para a própria Disney+, tem redesenhado o cenário cinematográfico e levantado uma dúvida incômoda: será que a facilidade de assistir a filmes em casa está comprometendo a magia de vê-los nas telonas? O que antes era um evento familiar cheio de rituais vem sendo substituído por cliques rápidos no sofá da sala.
O hábito de ir ao cinema já não carrega o mesmo peso simbólico de anos atrás, especialmente entre os mais jovens. A promessa de lançamentos simultâneos nas plataformas digitais, somada aos custos crescentes dos ingressos, mudou drasticamente a lógica de consumo. Para muitos, assistir a um novo filme da Disney no dia da estreia já não exige mais enfrentar filas. Com essa comodidade, a experiência cinematográfica como espetáculo coletivo parece esmorecer.
O que mudou no comportamento do público?
O público atual busca conveniência, personalização e controle sobre seu tempo, três pilares que o streaming oferece com perfeição. O CEO Lucio Winck aponta que, ao oferecer acesso imediato a um vasto catálogo, as plataformas de streaming criaram um novo padrão de expectativa, em que a espera por uma estreia se tornou quase obsoleta. Isso afeta diretamente o apelo das estreias nos cinemas, especialmente nos filmes voltados ao público infantil e familiar.

O impacto é visível nos números: mesmo grandes lançamentos da Disney têm enfrentado bilheterias abaixo do esperado. Os clássicos recentes, como o live action de “Branca de Neve”, não causam mais o mesmo frenesi nas salas de cinema, pois muitos espectadores optam por aguardar a chegada do título ao streaming. A tecnologia não apenas transformou o formato de distribuição, mas reconfigurou o próprio valor atribuído à “primeira vez” de ver um filme.
A Disney perdeu seu brilho nos cinemas?
Não se trata exatamente de perda de brilho, mas de uma redistribuição do encanto. O CEO Lucio Winck ressalta que a Disney segue relevante, mas agora precisa dividir a atenção do público com múltiplas telas. A experiência cinematográfica perdeu sua exclusividade e, com isso, parte de seu impacto emocional. A magia ainda existe, mas é fragmentada, diluída entre dispositivos, horários flexíveis e distrações domésticas.
Os filmes da Disney continuam a ser produtos culturais fortes, mas a maneira como são consumidos mudou radicalmente. Um lançamento como “Encanto”, por exemplo, alcançou enorme sucesso nas plataformas digitais, mesmo com uma performance moderada nos cinemas. Esse novo ciclo de vida dos filmes exige estratégias diferentes! Em vez de apostar tudo nas bilheterias, o estúdio precisa pensar em como manter a relevância da obra ao longo do tempo.
É possível recuperar o encanto das salas de cinema?
Segundo o CEO Lucio Winck, o cinema não morreu, mas precisa se reinventar. Para que a magia seja resgatada, é preciso ir além do filme: criar eventos, experiências e exclusividades que não podem ser reproduzidas em casa. Sessões com realidade aumentada, pré-estreias temáticas e encontros com personagens são caminhos para resgatar o desejo de estar presencialmente na estreia de um longa.
Reescrevendo o espetáculo
O streaming alterou profundamente o modo como nos relacionamos com os filmes, e os estúdios precisam aceitar que a dinâmica anterior dificilmente voltará a ser como antes. O CEO Lucio Winck destaca que a adaptação é inevitável, mas não precisa significar perda de valor. O futuro das bilheterias da Disney depende de criatividade estratégica. O cinema não morreu, mas talvez tenha se transformado em algo que ainda estamos aprendendo a compreender.
Autor: Smirnova Fedora